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Solidão, Rejeição e Loucura em Taxi Driver

Taxi Driver nos convida a uma reflexão sobre solidão, alienação social e busca por um propósito na vida.

Nesse filme de Martin Scorsese, Robert De Niro interpreta Travis Bickle, um indivíduo solitário, veterano da guerra do Vietnã, que possui uma marcante desconexão com a sociedade ao seu redor.

Tentando lidar com a solidão, com o tédio e com uma insônia que o assola há anos, Travis inicia sua trajetória como taxista, e dirigindo pelas ruas de uma Nova Iorque retratada sem glamour, decadente e lúgubre, ele observa a sociedade com desprezo, sentindo-se deslocado com o que considera ser a decadência moral e social ao seu redor.

Luisa Andrade

Brain Line Art

Sua revolta não se limita apenas aos aspectos mais visíveis, como prostituição e tráfico de drogas, mas também se estende a grupos minoritários, como homossexuais e pessoas negras, que ele vê como escórias e simbolizam o declínio do "sonho americano". Ideologia, a qual o personagem defendeu na guerra.


"À noite os animais saem da toca. Prostitutas fedorentas, vigaristas, bichas, viciados, traficantes. Imorais, corruptos (…) Levo gente para todos os bairros. Até para o Harlem. Não importa. Não faz diferença pra mim. Há os que recusam passageiros negros. Eu não me importo"

"Um dia, uma tempestade virá e limpará toda essa sujeira"

No meio da agitação da cidade, imerso em uma sociedade que despreza, Travis sente-se alheio a todos (digamos que superior também), inclusive em relação aos colegas de trabalho com quem mais tem contato. Contempla a figura "pura e angelical" de Betsy, vislumbrando nela a oportunidade de estabelecer uma conexão significativa. Acreditava que ela poderia ser diferente a todos. Seria alguém intocável, superior.

Mas por viver durante muito tempo em um isolamento mórbido, a tentativa de conquistar Betsy é fracassada quando o taxista a leva ao cinema pornô. Nessa cena, pode-se perceber a ausência de filtro social de Travis, porque ele não consegue definir como distrato social tal convite.

Após o rompimento com Betsy, se observa uma mudança no personagem. Amargurado, imerso na solidão e sem um desejo que possa o mover, ele busca uma razão para sua vida que fora destruída após a desilusão que sofreu com Betsy.

Inicialmente Travis sente um estranhamento acerca de seus pensamentos, e posteriormente, nos deparamos com um pedido de ajuda:

Travis segue procurando seu lugar e um propósito em sua vida. À medida que a história avança, o personagem passa por uma transformação.

Preparando-se para cumprir o que define ser seu objetivo: realizar uma limpeza social, livrando a cidade dos corruptos, drogados e vigaristas. Inicia o preparo para a sua missão.



Desde o início desta transformação, a genialidade de Robert De Niro se destaca. O personagem, anteriormente retratado como alheio ao seu entorno, passa a observar tudo sob uma nova perspectiva, atribuindo significado a cada detalhe e direcionando sua vida para cumprir o que julga ser a sua missão. Pode-se perceber também uma mudança no olhar de Travis, observando todos de forma ameaçadora.

Sua busca por um propósito na vida o leva a uma missão distorcida de "limpeza social", inicialmente direcionada ao candidato a presidente Palantine, mas eventualmente redirecionada para salvar Iris, uma jovem de 12 anos, prostituta. Essa mudança de foco revela uma tentativa desesperada de encontrar significado em sua própria existência, buscando redenção através de uma ação violenta e extremista.


A cena angustiante em que Travis assassina os cafetões de Iris e tenta cometer suicídio é um ponto culminante da narrativa, mostrando a profundidade de sua angústia e desespero. No entanto, também sugere uma busca desesperada por redenção e renascimento, já que Travis finalmente encontra um propósito altruísta em salvar Iris, mesmo que seus métodos sejam extremos e perturbadores.

Essa reflexão nos leva a questionar não apenas as condições sociais que levam indivíduos como Travis à beira do abismo, mas também até onde pode ir o ser humano em busca de significado e pertencimento.

A nossa busca por um sentido ou um propósito em um mundo alienante e hostil, muitas vezes nos leva a lidar com a frustração e a angústia que nos paralisam ou, em indivíduos mais instáveis, podem levar a uma ruptura com a realidade, os levando a cometer atos insanos.

O filme nos desafia a confrontar as complexidades da psique humana e a fragilidade da moralidade em face da solidão e do desespero.

Se algum destes sintomas lhe parece familiar, é fundamental procurar ajuda médica psiquiátrica.

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