Psiquiatria e arte, há alguma relação?
Às vezes, o estudo pode parecer monótono. Palavras, palavras, números e números que não prendem nossa atenção ou despertam nosso interesse. No entanto, muitas pessoas, assim como eu, encontram facilidade em se envolver com filmes, séries e novelas. Sinceramente, essa afinidade foi um dos motivos que me levaram a escolher a psiquiatria, pois vejo nela uma conexão íntima com a arte.
Durante meus estudos de psiquiatria na faculdade, percebi que associar os diagnósticos discutidos em aula com personagens fictícios tornava o aprendizado mais interessante e palatável. Essa abordagem continua a me auxiliar, pois busco sempre integrar minha paixão pela literatura e cinema à psiquiatria. Assim, não estranhe caso encontre publicações que façam esse liame.
Aproveitando a oportunidade, permita-me apresentar um trecho do livro "A Hora da Estrela", de Clarice Lispector:
Luisa Andrade
Depois tudo passou e Macabéa continuou a gostar de não pensar em nada. Vazia, vazia. Como eu disse, ela não tinha anjo da guarda. Mas se arranjava como podia. Quanto ao mais, ela era quase impessoal. Glória perguntou-lhe:
– Por que é que você me pede tanta aspirina? Não estou reclamando, embora isso custe dinheiro.
– É para eu não me doer.
– Como é que é? Heim? Você se dói?
– Eu me doo o tempo todo.
– Aonde?
– Dentro, não sei explicar
Sempre tenho o hábito de abordar os trechos dos livros de Clarice. Contudo, o trecho mencionado traz à mente minhas experiências em psiquiatria. Ao final dos meus atendimentos, questiono-me frequentemente: por que é tão desafiador falar sobre os sentimentos, comunicar desconfortos ou partilhar alegrias? Será que a dificuldade em falar deriva, em parte, de nossa relutância em ouvir? Quem está disposto a te ouvir? E você, quem ouve?
Se algum destes sintomas lhe parece familiar, é fundamental procurar ajuda médica psiquiátrica.
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Luisa Andrade